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Mostrando postagens de novembro, 2019

Sobre Julgamento do mal

Nosso meio de raciocínio mais usado é o julgamento. Se prestarmos atenção em como pensamos, falamos e descrevemos as situações, iremos descobrir facilmente o quanto fazemos julgamentos. Temos a impressão que sabemos exatamente como a vida deve ser vivida, como as pessoas devem de comportar, o que é melhor fazer. Também somos afeitos a rotular, dizemos: preguiçoso, desleixado, gente ruim, maldoso e agora o famosos tóxico. Temos certeza que o outro fez ou deixou de fazer algo com o intuito de nos aborrecer e prejudicar, sim, porque todo o mal existe na figura que vive fora de mim. Em mim só existe bondade, justiça, equanimidade, honra, retidão. O mal do mundo é o outro. Eu sou o que recebe este mal injustamente, porque eu não fiz nada pra merecer isso. Sempre me comportei tão bem com a figura... Somos todos morais até a raiz do cabelo. O outro é o imoral, errado e ruim. Somos todos os mocinhos tiranizados pelo vilão "o outro". Tudo que eu faço é me defender. Esquecemos que

Sobre a raiva

Observando esta emoção  em mim e nas pessoas que me cercam percebi que geralmente sentimos raiva sob duas circunstâncias, quando somos frustrados e/ou quando nos percebemos sendo atacados.  A resposta raiva é automática e natural, no entanto aprendemos que se a temos nos tornamos pessoas más e desagradáveis, sob pena de perder o afeto e o respeito daqueles a quem somos ligados, portanto, nós a negamos ou a disfarçamos criando justificativas morais para estarmos com raiva, o famoso "eu tenho razão". A raiva é uma emoção protetora, se a conhecemos em nós podemos conduzi-la a nosso favor, usando a energia e direcionando a ação para o nosso bem e o bem dos outros. A sugestão é, percebeu a raiva, observe a fonte dela, foi uma frustração? Ou estou me sentindo atacado? Qualquer uma dessas motivações são ligadas ao ego e a nossa vaidade. Nos vemos sendo inferiorizados, menosprezados ou impedidos de realizar um desejo. E isso o ego não aguenta, ele reage com fúria.  Percebendo a emoçã

Sobre o Vazio

Pense que o vazio meditativo é como um útero que ainda não aloja um feto, mas é todo potencialidade. Dele pode surgir qualquer coisa. Mas não há julgamento sobre o que aparece, como aparece, quando deve aparecer... ou mesmo se vai aparecer. Ele é o campo de todas as potecialidades. Há um vazio de julgamento; bom ou ruim desaparece.  E o que fica é uma consciência de que tudo que acontece é acolhido, aceito e experienciado. Como um campo de aceitação.  Não há alegria ou tristeza, há um silencioso aceitar pacífico, que nem dá pra descrever com palavras. Aquilo que mais se aproxima é bem aventurança.  Um estado de confiança e entrega, de contemplação e paz, uma total ausência de medo, sobre qualquer coisa, pois tudo foi aceito, todas as experiências mundanas do corpo.  Então, paradoxalmente, é um vazio prenhe... rsrs Esta palavra, vazio, inclusive,  não representa a experiência de forma alguma. É que como não tem nada parecido quando estamos vendo pelo ego, esta se aproxima, pois é um est

Coração Partido...

Estava ouvindo uma música dos anos 80, Kayleigh, da banda Marillion, e no refrão ele diz algo assim: ... eu lamento muito, nunca quis lhe magoar, mas vc me magoou (So sorry, I never meant to break your heart But you broke mine). Pensei, porque nos magoamos com o comportamento do outro? E porque só queremos saber suas motivações no momento de nossa dor? Aí nos questionamos sobre as intenções e sentimentos do outro, a respeito da gente, pra ter feito ou deixado de fazer algo. Será que eu tinha valor pra ele?  Mas não investigamos sobre nós mesmos. Se a dor é em mim, o que, em mim, provocou isso?  Que expectativa não foi cumprida? Que necessidade não foi atendida? Que ilusão foi desfeita?  E, reparem, tudo isso tem mais a ver com a gente do que com o outro.  Este só está sendo quem ele pode ser naquele momento.  Coração partido tem mais a ver com nossas ilusões sobre a vida e sobre as competências de alguém do que com o que está fora de nós mesmo.  Da próxima vez que ficar de "Coraçã