UM MUNDO SOLIDÁRIO


Como ser solidário num mundo onde se diz que eu tenho que derrubar o outro para sobreviver?

Isso é um contra-senso! Primeiro ensinam a competir, derrubar, vencer. Depois pedem solidariedade. Como posso fazer isso com meu inimigo? Sim, acredito que lá no fundo a maioria das pessoas se vê como inimigas potenciais. Um provável concorrente na luta pela sobrevivência. Essa idéia está por baixo, escondida até de nós mesmos, mas justamente por estar escondida ela ainda é mais poderosa. É ela que faz dos ambientes de trabalho, na maioria das vezes, um inferno dantesco. É ela que faz marido e esposa se atracarem em uma guerra silenciosa e rancorosa pelo poder. É ela que ajuda irmãos a disputarem ferrenhamente.


Não prestamos atenção nisso, vestimos uma capa de bons cidadãos e seguimos, somos um bando de “sepulcros caiados”! Fazemos gestos grandiosos de ajuda humanitária, mas no dia a dia infernizamos e criamos mais discórdia. Damos uma de heróis em campanhas de ajudas aos necessitados, mas no miúdo, acabamos com a auto confiança de filhos, amigos, parentes...E mais! Temos dentro de nós um crítico, pior do que de cinema, que nos derruba a qualquer tentativa de sermos nós mesmos. Vivemos com raiva; pior, rancor, ressentimento, que é uma raiva enrustida e engordurada, antiga, medonha, invisível. Mas fingimos que não, não, nós somos bons cristãos! Somos bons! Mas dentro tem um vírus, implantado ainda em nossa infância: Você tem que vencer o outro para sobreviver. Ficamos confusos, existem duas mensagens, vencer e ajudar, derrubar e levantar e um é mais aceitável socialmente que a outra, porém um é mais real do que a outra.

E agora? O que é que para fazer? A decisão inconsciente mais comum é: Sem mesmo eu saber, derrubo e venço e acredito que tenho gestos de amizade, bons! Aí eu agrado a todas as exigências! Mas de vez em quando o recalcado vem à tona, e eu sou cruel disfarçadamente, quando fofoco maldosamente de alguém, quando detono com a aparência, inteligência ou a maneira de ser do outro, quando desfaço da conquista do famoso e às vezes até do amigo íntimo, quando perco a paciência com meu filho, marido, esposa ou companheiro de fila. Quando roubo no supermercado, do troco à bala que como sem pagar. Quando bebo e dirijo e não respeito regras nem leis de convivência nenhuma. E isso a maioria faz, mas não admite, claro! Nem para si mesmos ou, pior, tem uma justificativa para o ato, acima de qualquer suspeita. Não prestamos atenção aos detalhes, mas deus e o diabo moram lá.

Para vivermos num mundo solidário, precisamos ver as pessoas como amigas e não potenciais inimigos, temos que ter coragem de subverter, de criar um coração puro e “dar a outra face”. Essa é uma “porta estreita”, apertada e perigosa, por isso foi dito “muitos serão chamados, poucos os escolhidos”. Vamos aumentar esse número! Vamos ser um pouco tolos!

Namasté!


Leia Também:
Uma carta para mim
Como fracassar na vida e ser feliz
Para ser bom não precisamos ser o melhor

Comentários

  1. Nanda, ja me questiono ha algum tempo a solidariedade!

    Mas e bom ter em conta esse outro enfoque que vc colocou no blog.

    Obrigada por aportar algo mais ao nosso dia a dia!

    Bsssssssssssss FE

    ResponderExcluir
  2. Nanda,
    Reflexão perturbadora. Exatamente por ser verdade. Sempre penso que a maneira de criar as crianças já começa errada quando é dito a elas: antes que ele te bata, bata nele.
    Crescemos com isso, em todas as suas variáveis. Porém, para que seja minimamente possível a vida em sociedade essa mesma sociedade vai se encarregando de exigir de nós uma postura contraditória com tudo o que nos é ensinado desde sempre, exatamente como dito em seu texto.
    Costumo pensar que grandes gestos fazem bem ao ego, mas delicadezas cotidianas é o que faz a diferença real...
    Beijos e bom domingo.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pelo ótimo tema, Nanda!!

    Estou passando por uma situação no meu novo trabalho. Cheguei a 2 semanas no almoxarifado para ser almoxarife mesmo. Sou concursado. Lá, para auxiliar, há um colega que está, também concursado, há 9 meses.

    Só que a chefe me falou: "vc está há duas semanas e já faz o que ele demorou quase 9 meses para aprender!! Quando eu sair em dezembro no fim do contrato (ela é ACT) vc deve assumir". Por que será??

    Porque eu chego e já pergunto o que tenho de fazer, ao invés de me encostar na parede segunda-feira e perguntar já pela sexta-feira, reclamando que não chega.

    Me pergunte: Eu estou competindo?? Na prática sim, pois a cadeira de almoxarife é apenas uma e não quero ficar fazendo sempre as mesmas coisas. Mas estou tentando derrubá-lo?? Respondo que não!! Estou fazendo o que me disseram para fazer, com afinco e vontade.

    Se ele perder a parada, não será por minha culpa. Competimos não contra o outro, e sim pelo melhor posto, e isso não significa uma guerra, se somente um pensar e implicar que é guerra!!

    Até pq quando eu assumir, para que meu trabalho dê certo, vou precisar dele todos os dias. E ter um inimigo sob suas ordens, é criar cobra-coral e tomar cafe com ela no colo!! Competir deve significar quem pode ajudar mais o outro, e não quem consegue fu*** primeiro com o outro!!

    Bjs Nanda!!

    ResponderExcluir
  4. Não se trata de inimigos, somos apenas adversários onde cada um concorre com o outro. Isto não tem significado de inimigo.
    Em uma disputa esportiva, temos adversários sem que isto signifique nada pessoal. Se eu tiver que escolher entre eu e você, quem você acha que irei eleger?
    Isto faz parte da natureza humana. É assim que as coisas são...

    ResponderExcluir
  5. Sim querida a ordem está invertida..

    mas eu vm para que tenham vida.. e a tenham com amor e liberdade!

    bjinhus, criações e paradigmas

    Lelli

    ResponderExcluir
  6. Nanda, ser solidário...

    Com um mundo cada vez mais e mais individualista esta palavra soa bonito para fazer com que pessoas aparentam algo que na verdade não se preocupam.

    Eu procuro fazer o melhor e coerentemente, mas é tão pouco...preciso de mais alianças para fazer um mundo mais justo.

    Bjs

    ResponderExcluir
  7. Nanda...

    Eu quero ser mais tola ainda.

    Beijos mil!!!

    ResponderExcluir
  8. Nanda, é tudo "culpa" dessa globalização perversa, na qual todos se preocupam mais em TER do que SER...

    Estamos nos esquecendo da verdadeira essência que nos move...

    Seus textos, como sempre, nos levando à ótimas reflexões...

    Pois é e minha fase de tempestades terminou, mas logo já começa outra!! E assim, caminha a humanidade!! rrs...

    Mas estarei aqui, sempre que puder e ansiosa para ler o post sobre inveja!...

    Muito obrigada por sua amizade, o seu blog realmente foi um achado!!

    Grande beijo, boa semana!!

    ResponderExcluir
  9. Fernanda:
    Eu é que agradeço a preferência!
    Gosto de ver vc por aqui!
    Bjão!


    Elaine:
    Acredito que sim, boa parte das nossas desditas tem a ver com educação emocional...
    Também acho que é no miúdo que mudamos as coisas!
    Bjão!


    Ebrael:
    Se vc tem tanta certeza que não está competindo, não precisa me perguntar! Fazer o seu melhor não é competir!Não sabemos se o melhor lugar para seu colega era ali mesmo, talvez vc estivesse fazendo até o bem!
    Quando falo em competição não é da ação que estou falando, mas da motivação por trás do ato.
    Bjão!


    Erik:
    Devo discordar de vc...Isso pode significar inimizade sim!
    Mesmo no esporte hoje em dia aparece deslealdade para vencer.
    E isso faz parte de natureza animal e não humana.Mas isso é algo muito longo para discutir agora, talvez eu faça um texto com seu comentário!
    As coisas não são definitivas, elas mudam.
    Bjão!


    Lelli:
    Isso é o mais importante!
    Bjs!


    Sissym:
    A individualidade, para mim, não exclui a solidariedade, o que faz isso é a ignorância espiritual.
    Os gestos podem ser como vírus que contaminam os que estão ao redor, não pare as alianças chegarão!
    Bjão!


    Giane:
    Então vamos ser tolas!
    Bjão!


    Regina:
    Acho que a primeira responsabilidade mesmo é de nossa ignorância espiritual, nossa proximidade maior com o animal do que o humano, é uma questão de evolução...
    Obrigada!
    Que bom! Um tempo de paz!
    Os texto serão publicados em breve!
    Eu é que agradeço sua presença e carinho!
    Bjão!

    ResponderExcluir
  10. ESTOU COM SAUDADES VC.
    VENHA ME VISITAR.

    PRECISAMOS IM UM MUNDO MAIS SOLIDÁRIO, E COM MUITA RAPIDEZ. DO GEITO QUE ESTÁ, NÃO DÁ PARA FICAR.
    MIL ABRAÇOS PARA VC. MINHA GRANDE AMIGA, FOFA.
    SANDRA

    TER ESPERO.

    ResponderExcluir
  11. Nanda, bonito texto!Eu penso que um bebezinho para sobreviver necessita atenção quase integral. E durante os primeiros anos de vida, se torna o reizinho do lar, ou seja, somos alimentados em nosso narcisismo, o que é fundamental para a formação da auto estima e da preservação.
    Mas quando passamos a aprender a compartilhar espaços, a lidar com a separação da mãe(que se afasta desse bebê, independente de sua vontade), começamos a lidar com frutração. E nem todo mundo sabe lidar com isso, e nem todos os pais sabem limitar e ensinar seus filhos, com equilíbrio, a lidar com frustração. Por isso, eu acho que temos sempre esse conflito de anjinho e diabinho dentro do nosso psiquismo, porque desejamos ser Tudo, mas precisamos do Outro para que nos reconheça tudo. Temos que aprender a controlar esses intintos destrutivos e alimentar os contrutivos. Mas com uma sociedade consumista, capitalista, aí que a coisa fica pior!
    O que fazer??Dar a outra face??Hum...pode até ser, mas com muito equilibrio e senso, pois cada um precisa de limites e aprender a respeitar o outro, mas não precisamos lesar alguém para delimitar isso!

    ResponderExcluir
  12. Sandra:
    ô querida! Vc está sempre em meus pensamentos, mas estou meio descuidada com minhas visitas sim... É que nesse momento tem algo chamando minha atenção fora da blogsfera!
    Bjão, linda!


    Gigi:
    Concordo!
    Concordo de novo!
    Vc disse tudo, obrigada por me complementar!
    Vejo do mesmo jeito, mas acredito que podemos sim educar nossos instintos, não é fácil e leva tempo, porém temos esse poder!
    Bjão!

    ResponderExcluir
  13. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  14. Ser solidário no mundo competitivo em que vivemos é para muitas pessoas, algo impensável.
    As pessoas em grande maioria estão cada vez mais individualistas e voltadas para s mesmas, preocupadas em como fazer para multiplicar os seus ganhos, cuidar de suas famílias ou levar vantagem sobre alguem e muitas vezes não atentam para o sofrimento ou a necessidade alheia.
    Ser solidário é na verdade um grande bem que o indivíduo pode fazer a si mesmo, enquanto cidadão.
    Quando alguem estende a mão para ajudar ao necessitado muitas vezes sem saber está impedindo que aquele sujeito se torne uma pessoa revoltado ou um delinquente em potencial que mais tarde se voltará contra a sociedade.
    É óbvio que existem aqueles que procuram tirar proveito da boa fé alheia, porém são excessões no conjunto da sociedade.
    No meu conceito, ser solidário é estender as mãos para fazer o bem ao próximo e de coração aberto, sem esperar recompensas terrenas.
    Penso que a solidariedade deve ser exercida de forma ética e ser encarada como um dever a ser aprendido no seio familiar e tambem como disciplina escolar em todos os níveis de aprendizado.
    Sendo uma prática fundamental para o bom convívio social, a solidariedade deve ser exercida diáriamente, através do partir do pão e da mútua ajuda entre os cidadãos.
    Numa visão mais ampla, a solidariedade deve ser o patamar ético dos que exercem funções empresariais e tambem de nossos governantes,na correta aplicação dos recursos financeiros, investindo no desenvolvimento físico, intelectual, profissional e social dos indivíduos, possibilitando lhe o pleno exercício da cidadania.
    Enfim, a solidariedade não deve ser confundida com o simples gesto de dar esmolas ao pobre miseravel em alguma esquina fétida.
    Enfim, a solidariedade deve ser praticada por todos e acima de tudo com total desprendimento, como um ato de inteligencia, de cristandade e de ética no convívio entre os homens.

    @DRLUIZSANTANNA

    ResponderExcluir
  15. drluiz:

    Ser solidário e competitivo ao mesmo tempo é impensável mesmo!
    Gostei de seu conceito sobre isso, mas a base dessa ação vem antes, no conceito de mundo que fazemos, acho que não pode nascer a ideia solidária de uma mente medrosa e reativa ao outro que vemos como inimigos e potenciais opositores.
    Bjão!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Oi queridos/das, adoro ler comentários, contribuam para o meu prazer! Obrigada.

Postagens mais visitadas deste blog

Na Raiva dizemos a verdade?

Inveja – Alguém que lhe imita está com inveja?

Sobre criação de realidade