Independência (no processo terapêutico)



Continuando com o texto anterior O Behaviorismo, abordaremos hoje a segunda pergunta de Denise:

“Há pacientes que precisam de uma orientação mais direta, pois se encontram muito perdidos e deprimidos, não?”


Aí ela toca num ponto crucial da abordagem, que é a orientação da pessoa, isso foi justamente o que Rogers percebeu não funcionar. Quando ele começou sua carreira seguia o modelo médico, ou seja, o “paciente” vinha com um problema e era tratado como um “incompetente” para resolvê-lo, então o psiquiatra (médico) dava orientações, quase como um protocolo médico; diagnóstico, prognóstico e tratamento.


Rogers percebeu que esse formato para psicologia não era bom. Ele acreditava que o próprio paciente é que deveria saber sobre seu rumo, a única coisa que o psicólogo poderia fazer era criar um “clima” receptivo e acolhedor, no qual aquele estado de desacordo emocional (estar perdido e deprimido) diminuísse a ponto do cliente (antigo paciente) se re-orientasse de sua própria forma.


Ele acreditava que o ser humano tinha essa capacidade de atualização de si e de ir para o seu melhor por conta própria, desde que fossem tratados com consideração positiva e empatia, dois conceitos que ele criou para definir o clima de mudança interior. Neste momento ele retira o poder da mão do especialista e o devolve à pessoa, ou no máximo eles partilham poder. É uma verdadeira democracia psicológica.


Essa é uma das coisas que mais gosto na proposta de Rogers: Num trabalho terapêutico existem duas pessoas, e não um especialista e um paciente, buscando trazer o estado de organização psíquica para um delas, mas são as duas que estão fazendo isso. O cliente (paciente) é ativo em seu processo, ele toma as rédeas e a responsabilidade por sua vida.


Espero que tenha ficado mais claro, esse assunto é extenso e muito legal, e não sei se é possível explicá-lo em poucas palavras.


Agradeço à Denise por sua curiosidade que tornou possível nascer esses dois textos.


Namasté!



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Comentários

  1. Nanda, esste tema é bastante complexo, pq tem varias interpretacoes.

    Gosto da terapia gestaltica, que vc se refere ai no texto, partindo do principio que o sujeito tem a capacidade de resolver seus temas por si mesmo. E realmente acredito nisso, que ninguem tem o poder das nossas escolhas em maos, senao, nos mesmo.
    O trabalho do terapeuta e ajudar a pessoa ver isso.

    A dificuldade que eu encontro em lidar com as emocoes e que parece ser que elas nao têm memoria, ou seja, já vi pessoas deprimidas, que se recuperaram da depressao e logo, depois de um tempo, voltaram a esse estado de ânimo, por outras razoes (diferentes da primeira vez) e ficam ai no mesmo estagio.
    As vezes penso que isso pode ser um vicio...

    Entao, coloco algumas questoes:

    Porque as pessoas nao aprendem a dominarem a mente delas mesmas e usarem isso a seu favor?

    Por que e tao dificil lidar com as nossas emocoes?

    Nao acredito que exista um estagio emocional no qual o nosso entorno nao nos afete.
    Se nao fosse assim, seriamos seres irracionais em tudo o que esta expressao aporta (ainda que os seres irracionais sejam afetados pelo entorno na questao da sobrevivência).

    Realmente, perder a humanidade é o pior que poderia acontecer a todos nós... E isso já nao parece ser uma utopia. Liga a TV para vc ver!;)

    Tenha uma boa semana!

    Bssssssssssssssss
    FE

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  2. Fernanda:

    Sim, esse tema é complexo!
    Alguns estudos estão sendo feitos com esse fenômeno que vc viu, eles acreditam que temos peptídeos que se viciam em alguns estados emocionais e nos empurram para eles...
    Oba!!!
    Mais perguntas, acho que vou fazer como fiz com Denise, tá? Vou escrever textos respondendo ,vc pode esperar um pouco?
    Existem pessoas no mundo que conseguiram chegar a esse estado emocional em que o externo não lhe afeta negativamente, já estão estudando essas pessoas também!
    Acredito que com exercício e dedicação conseguimos ficar imunes às tempestades de fora.
    Breve estarei publicando aqui os textos com suas respostas, ok?

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  3. Nanda!

    Visão bem holística sobre o processo terapêutico!

    Sds
    Kellen

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  4. Nanda achei deveras interessante seu texto.
    Abraços forte

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  5. Kellen:

    Obrigada! Eu tento, abarcar o máximo que meu cérebro deixa!! rsrsrs
    Bjão!



    Príncipe:

    Obrigada!!!
    Bjão!

    ResponderExcluir
  6. Nanda
    Acabei de ler o segundo post. E acredito que nas duas vezes que fiz terapia, os profissionais que me acompanharam utilizaram esse método. No final, eu chegava às minhas próprias conclusões. As respostas estão dentro de nós mesmos, porém, às vezes, por estarmos muito mergulhados no problema, não conseguimos encontrar um caminho. Da segunda vez, estava num labirinto, sem saber por onde ir. Mas com a ajuda dela, vi que era tudo bem mais fácil que eu imaginava. Adoro fazer análise. Costumo brincar dizendo que o mundo ficarai tão melhor se todos fizessem terapia...
    Um beijo pra você e obrigada

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